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De Zero a 100km

Há pouco mais de um ano, envolvido com alguns projetos relacionado as 2 rodas e com influência de amigos e colegas, resolvi pegar minha bike e voltar a pedalar, começamos com uma trilha no Flona em Taguatinga, foram 25km percorrendo a Floresta Nacional, estreitando laços com a natureza. A partir desse dia muita coisa mudou, eu e meu amigo Clayton fizemos uma dupla e transformamos nossos domingos em dias sagrados, dedicados a desbravar o cerrado conhecendo novas trilhas e toda essa região que para muitos é feita apenas de poeira e mato, passamos a seguir o calendário do Rebas do Cerrado, durante a semana, seguimos grupos de pedal noturmo, como o PNDF, Gomão e Pedaguas.

Poucos meses depois de voltar a pedalar, empolgado e já tendo feito muitos upgrades na bike, ouvi falar de uma ciclo viagem com quase 100km de extensão, ela saia de Santo Antônio do Descoberto e tinha como destino a cidade de Pirenópolis, era o tal Desafiando Limites, o que veio a mente foi que aquilo era uma loucura e que jamais conseguiria fazer aquilo, pelo menos a curto prazo, enfim, deixei um pouco de lado a ideia, continuei na minha “realidade” que era seguir as trilhas do Rebas apenas, fizemos a trilha do Alto Delírio, meu radiador esquentou no km 21 onde acabei conseguindo uma carona e voltando ao ponto zero são e salvo, confesso que ainda guardo uma certa angústia por não ter vencido essa tradicional trilha.

Eis que surge a oportunidade de fazer o Desafiando Limites, após 16 meses pedalando, com uma bike relativamente boa, condicionamento físico restaurado e briho nos olhos, resolvi que era a hora de desafiar o meu limite, feita a inscrição e a um mês do evento, iniciei com a ajuda do meu amigo Walber um cronograma de dieta e acadêmia, basicamente, o que fizemos foi: Fortalecimento da coluna, Exercicios de força para membros superiores e inferiores e por fim Spinning, além do tradicional pedal noturno.

Há uma semana do evento, fiquei imaginando como seria o desafio de pela primeira vez pedalar 100km em um dia e em estrada de terra, já havia pedalado bem próximo disso mas sempre em asfalto, que é uma diferença tremenda. Fechado o check-list, tudo pronto para dormir, acordar bem cedo ir para Santo Antônio e iniciar o pedal, certo? Errado, o sono é pesado, muita ansiedade, resultado, correria total para chegar a tempo. Chegamos 7:10 e ainda vimos aquele mar de bicicletas partir e nós (Eu, Walber e Clayton) ainda acertando os ponteiros… Entre colocar a roda e encher um pneu uma mordida no lanche, tenso, sabíamos que poderia custar caro esse vacilo, saímos de Santo Antônio exatamente 8:10, tinhamos que recuperar o tempo perdido, pedalamos em um ritmo forte, percorremos 40km e chegamos ao segundo ponto de apoio em menos de 2 horas, a impressão era de ter sido enganado pela altimetria, apesar do bom rítmo aplicado, pensei que haveriam mais estradões e menos subidas. No percuso já via vários aventureiros empurrando a bike, alguns já desistindo, a van de apoio com algumas bicicletas, me imaginar naquele situação ainda se aproximando da metade do caminho foi assustador, ficou muito claro que a decisão de não ir no ano anterior foi acertada.

Seguimos um bom ritmo, passamos voando pelo trecho chamado de Tobogã chegamos no terceiro ponto de apoio instalado no km 65.7 próximo de 12:00, nesse ponto cometemos nosso segundo erro, com a certeza de já ter feito um bom caminho e traquilos para chegar ao fim, acabamos exageramos no tempo de descanso, ficamos cerca de 2:30h conversando e almoçando, 100% recuperados saimos em direção a Corumbá, do km 65.7 ao 74.4 foram menos de 10 minutos, para mim um dos melhores trechos da viagem, chegamos a Corumbá e novamente paramos por mais 30 min. esse foi o melhor ponto de apoio do evento na minha opinião, mesmo assim não deveriamos ter enrolado tanto, seguimos viagem e recebemos de presente a famosa Rampinha de Corumbá que tem apenas 0.5km mas chega a ter quase 20% de inclinação, para quem já pedalou quase 80km ter aquela visão não chega a ser nada agradável, logo a frente um dos trechos mais chatos, um estradão de areia que engolia os pneus, exigindo mais força e calma para não levar um tombo. De Corumbá a Pirenópolis e faltando cerca de 25km controlei o rítmo, não vi a necessidade de acelerar, se estava desafiando alguma coisa era o meu limite certo? E ele estava muito bem adminstrado, ainda paramos para tomar um isotônico que depois de quase 7h em baixo de sol ainda estava congelado! Isso mesmo.

Você percebe que esta chegando em Pirenópolis quando vê que o terreno mudou, estamos entrando em mata fechada, decidas perigosas e bastante técnicas, ví alguns acidentes, um bastante grave, paramos para ver o que tinha ocorrido, pegamos bastante trânsito, pois a maiorias dos bikers deciam a pé com receio de já no fim levar um tombo, que naquelas condições de terreno seria garantia de corte ou lesão, após esse trecho técnico, foram algumas subidinhas e finalmente o asfalto que liga a cidade, nesse trecho cheguei a colocar 40km na subida para comemorar o fim da brincadeira, faltando menos de 5km, recebiamos na rua o incentivo de quem passava por nós, a chegada ao clube AABB foi um show, com direito a gritos, medalha e principalmente o sentimento de dever cumprido.

A experiência foi incrível, ao chegar em Pirenópolis cheguei a pensar em um descanso pós DL, pouco depois, já estava pensando em quando vai ser o próximo! É manter o que já foi conquistado e seguir em busca de novas aventuras, pedalar é bom demais.

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