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Fundador da Giant aos 79 anos dá exemplo e pedala 40km por dia

Aos 79 anos, fundador de fábrica de bicicletas dá exemplo e pedala 40 quilômetros por dia,
King Liu sonha em transformar Taiwan na capital das bikes.

A fabricante de bicicletas Giant Manufacturing Co. foi estabelecida entre arrozais verdes e templos de Deuses da terra, a uma curta distância do rugido do Mar da China Meridional. Todavia, durante anos, o fundador, King Liu, nunca foi de pedalar pelas redondezas para desfrutar da vista. O principal motivo dele ter usado um de seus produtos para dar uma volta, foi se certificar que tudo funcionava.

Depois de décadas de batalhas, funcionou. A Giant é a maior fabricante de bicicletas do mundo em receita. Suas fábricas em Taiwan, China e Holanda venderam 6,3 milhões de bicicletas no ano passado, gerando uma receita de U$ 1,8 bilhões. A empresa vende bicicletas com o próprio nome e as produz para marcas importantes como Trek, Scott e Colnago.

Aos 79 anos, Liu ainda trabalha 10 horas por dia como presidente da Giant. Contudo, depois de quatro décadas fabricando bicicletas aos montes, ele finalmente começou a desfrutar delas. Bem apresentado e bronzeado dos passeios diários, com cabelo grisalho cortado rente e um monitor de frequência cardíaca amarrado ao pulso, ele se tornou o rosto público do boom do ciclismo em Taiwan.

— Eu tenho a missão de transformar Taiwan na capital do ciclismo — disse ele.

Desde 2007, as vendas de bicicletas em Taiwan têm crescido, pistas para bicicletas e ciclovias foram expandidas, e as duas maiores cidades da ilha, Taipei e Kaohsiung, lançaram programas de compartilhamento de bicicletas. A cada passo, Liu tem promovido a causa, incansavelmente.

Sua evolução de mecânico amador de cidade pequena para um titã da indústria reflete mudanças maiores de Taiwan e sua economia. Considerada a oficina do mundo, produzindo anonimamente bicicletas, celulares e computadores para companhias estrangeiras de grande nome, empresas taiwanesas como Giant, HTC e Acer tornaram-se marcas globais por direito próprio. Com esse sucesso, chegam novas dúvidas sobre se esses negócios podem continuar liderando e inovando.

Para Liu, a resposta não é apenas vender mais produtos Giant (embora sua campanha de mobilização de ciclismo certamente ajude com isso), mas focar em como as bicicletas podem reduzir a poluição, deixar as pessoas mais saudáveis e ajudar as cidades a funcionarem melhor.

— Ele tem sido um relações públicas maravilhoso para esta companhia, mas ele não faz isso por esse motivo. Ele está mostrando que mesmo as pessoas na idade dele podem fazer isso. Sua coragem e comprometimento são uma força motriz para outras pessoas seguirem — disse Ho-chen Tan, antigo presidente da Chunghwa Telecom, maior empresa de telefonia de Taiwan, e ciclista regular.

A transformação de Liu, e a de muitos de seus compatriotas ciclistas, foi motivada, de forma inesperada, por um filme de 2007, “Island Etude”, sobre um jovem que pedala por Taiwan. “Com algumas coisas, se você não as fizer agora, você pode nunca fazer durante a vida”, era a fala mais repetida.

— Eu vi o filme e pensei: ‘Aquela fala está me criticando, não está? Eu tinha 73 anos e pensei que se não começasse a pedalar, nunca seria capaz de fazê-lo — disse Liu. Então ele aceitou o desafio do filme, planejando uma circunavegação de Taiwan.

Ele treinou durante seis meses, mas admite que não foi o suficiente. Imagens da corrida de 2007, mostram sua barriga redonda apertada dentro da camiseta e o rosto amarrado.

— Ah, aquela viagem foi realmente terrível. Eu tive dores nas costas, apneia do sono, pressão alta e por aí vai. Problemas de velho — disse ele. Em certo ponto ele foi derrubado por um carro e ficou arranhado. Entretanto, ele foi perseverante e terminou 925,4 quilômetros em 15 dias.

Nos negócios, ele mostrou a mesma determinação. Depois de se formarem um ensino médio técnico, ele se lançou em várias profissões – transporte, produtos químicos, importação alimentícia, hardware – antes de decidir construir uma fábrica de bicicletas com alguns amigos em 1972. Ele tinha 38 anos e ainda estava se recuperando da perda de seu empreendimento antigo, um viveiro de enguias destruído por um tufão.

— Durante os primeiros quatro anos não recebemos nenhum pedido. A imagem dos produtos de Taiwan era muito pobre — disse ele.

Depois de aprender a falar japonês quando criança, enquanto Taiwan estava sob ocupação japonesa, ele viajou ao Japão e estudou o que seria a principal economia de fabricação de bicicletas. Um grande avanço veio em 1977, quando o chefe-executivo da Giant, Tony Lo, fez um acordo com a Schwinn para começar a fabricar bicicletas para a icônica marca americana.

A Schwinn tornou-se tanto a força quanto a fraqueza da Giant. As vendas de bicicletas saltaram nos Estados Unidos durante a crise do petróleo, e depois que os trabalhadores da fábrica da Schwinn em Chicago entraram em greve em 1980, a Giant se tornou um fornecedor importante, produzindo mais de dois terços das bicicletas da Schwinn até meados dos anos 80.

Então, a Schwinn decidiu encontrar uma nova fonte e, em 1987, assinou um contrato com a China Bicycle Co. para fabricar bicicletas em Shenzhen, perto de Hong Kong.

— Estávamos aterrorizados — disse Liu. A Giant dependia da Schwinn para 75% dos pedidos, e sua sobrevivência corria risco.

A Giant começou a focar na construção de sua própria marca, criando centros de operação na Europa e nos Estados Unidos. As vendas de bicicletas da marca Giant, gradualmente, cresceram. Ao mesmo tempo, a fortuna da Schwinn caiu, e essa decretou falência em 1992. A companhia americana nunca conseguiu uma produção mais barata para o investimento na China Bicycle, disse Jay Townley, consultor da indústria que foi executivo na Schwinn e mais tarde na filial americana da Giant.

Townley, que conhece Liu desde o início dos anos 80, disse que naquele tempo a maioria dos executivos não estava interessada em saúde.

— Tudo mundo fumava, todo mundo bebia. Havia alguns ciclistas, mas nem se compara ao dias de hoje — disse ele, que era mais conhecido como um dançarino de salão.

Agora Liu mantém o foco em sua bicicleta. Ele pedala cerca de 40,2 quilômetros por dia, passando logo cedo pela sede da Giant, na cidade central de Taichung. Ele se sente deprimido quando não pode treinar por causa da chuva ou de viagens de trabalho.

— Eu não posso parar de pedalar — disse ele.

Em 2009, depois de sua viagem ao redor de Taiwan, ele pedalou 1, 6 mil quilômetros de Pequim até Xangai. Era um próximo passo lógico. A produção da Giant agora está amplamente baseada na China, onde há seis fábricas. A China domina a produção global de bicicletas, mas são empresas taiwanesas que são donas, ou operam, as fábricas que produzem cerca de 80% das exportações de bicicleta da China, segundo analistas da indústria.

Conforme legiões de pessoas que usavam a bicicleta como meio de transporte têm caído nas últimas décadas, o número de ciclistas recreacionais está crescendo, formando um mercado crucial. A Giant é uma das marcas mais populares na China, graças à estratégia de focar em bicicletas mais caras e de melhor qualidade.

No entanto, enquanto o ciclismo recreacional vem crescendo na China, em Taiwan ele já disparou.

As vendas de bicicleta giravam em torno de 600 mil anualmente durante grande parte do começo dos anos 2000, antes de subirem para 1,3 milhão em 2008. Hoje, os taiwaneses compram cerca de 900 mil bicicletas por ano.

Liu acredita que Taipei, com suas ruas entupidas de carros e motos, seja o maior obstáculo para tornar Taiwan uma “ilha do ciclismo”. A prefeitura está tentando deixar a cidade mais convidativa para os ciclistas, alargando calçadas para dar espaço às bicicletas e expandindo o programa de compartilhamento de bicicletas. Desde setembro, o uso mensal do YouBikes, bicicletas de três marchas alugadas por menos de um dólar por hora, subiu quase seis vezes, para mais de 790 mil viagens em maio.

Liu sabe que ele, pessoalmente, pode atrair as pessoas para o ciclismo. No seu aniversário de 80 anos, no ano que vem, ele planeja pedalar por Taiwan de novo, repetindo o caminho de 2007. — Eu quero mostrar que estou ainda mais forte do que quando comecei. Se minha energia estiver melhor do que quando tinha 73 anos, então deverá ser uma ótima notícia — disse ele.

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